O grupo escolar, quando visto como um organismo único, pode revelar as reais necessidades e dar ao responsável (professor, monitor, educador) uma visão holística sobre o processo de ensino e aprendizagem daquela unidade. Por vezes, “porta-vozes” da turma podem revelar, por meio de atitudes e reações, alguns sinais ou sintomas do problema que a turma enfrenta como um todo.
A visão individualizada, como, por exemplo, o tratamento e rotulação dados a “alunos-problema”, nessa abordagem, deve ser evitada a fim de manter a unidade do organismo grupal. As ideias, proposições, dúvidas, dores e reclamações que surgirem dentro daquele agrupamento devem ser tratadas como características vindas não do porta-voz das informações, mas como manifestações geradas pela interação interna e orgânica do grupo em si e consigo mesmo.
Para o bom funcionamento da dinâmica do grupo operativo, a relativização do papel do docente também é de fundamental importância. Citando o psiquiatra e psicanalista argentino José Bleger
“Não se pode pretender organizar o ensino em grupos operativos sem que o pessoal docente entre no mesmo processo dialético que os estudantes, sem dinamizar e relativizar os papeis e sem abrir amplamente a possibilidade de um ensino e uma aprendizagem mútua e recíproca.”
É por meio da inclusão do professor como ser incompleto, despido do papel e do status frequentemente associados a ele, que o processo de indagação por parte dos membros do grupo progride. O abandono da presença onipotente do “detentor do conhecimento” faz com que a humanização permeie no grupo, fomentando assim a problematização de questões, o pensamento crítico e a busca por soluções inovadoras e não ortodoxas.
Fonte: https://educacaodofuturo.com.br/blog/